12.12.06

Ateliê

Todas as coisas são feitas de papel.

Estrelas são...

vagalumes brincando de voar.


Todas as coisas são feitas de biscuit.

Quem me disse?

Foi...

um vagalume de papel.

11.12.06

Tributo à Claire

Uma vez eu disse a ela que, se em toda a minha vida conseguir ler a metade dos livros que ela já leu, morrerei satisfeito com minhas aspirações literárias.

Mas meu tributo à Claire não se dá pelo conhecimento que ela adquiriu sobre o mundo da literatura e os mundos que esse mundo carrega. Mas por ser ela a Claire e por dedicar-se sem insconstâncias à nos inspirar com seus textos e mostrar-se neles, desde o seu primeiro trabalho, com o Blog da Loba, até o último de uma fase que ela compartilhou conosco no Claire Insone. E essa palavra cabe muito bem: Inspirar. Sentirei sua falta e, como disse, espero um dia ler o acervo que vai construir na quietude de um lugar só seu.

Manterei o link ao lado por mais alguns dias como memorial.

Abraços de quem se despede e guarda a esperança de que não será por muito tempo.

6.12.06

Nova Sessão

Na sessão Ares de Imagem [barra de links lateral], sacio minha necessidade de expressão com outro recurso além das palavras [além como 'um recurso a mais', e não como 'mais elevado']. Será um prazer ter sua visita pelas diferentes galerias da exposição.

Sinta-se à vontade.

4.12.06

Do arco ao alvo.

Não sou muito íntimo dessas regras e códigos por trás da web, mas uma comunicação eficiente exige padrões que contenham os mesmos valores de influência. Pensando nisso, precisava enviar minha carta informativa por e-mail com os mesmos traços de identidade visual da carta que envio impressa.

Encontrado um programa que me ajudaria a evitar aquele monte de códigos, comecei a trabalhar.

No começo era só algo conceitual e processual [isso significa isso e é assim que isso funciona]. Depois de acostumar-me um pouco com tabelas que insistiam em mudar de tamanho sem ao menos avisar, com ajustes e desajustes de imagens e com aquele monte de propriedades e opções que eu nem sei bem pra que funcionam, percebi que adquiri um cacoete na parte processual da tarefa; Quando identificava um problema, empreendia todo meu esforço na resolução desse problema. Toda a minha preocupação voltava-se para, por exemplo, o texto que não aceitava a formatação. Era um desaforo por parte do texto, um descaso, um desprezo ao meu bom gosto. Quando, enfim, era formatado o texto, acabei notando que, enquanto caracteres desobedientes ocupavam meus neurônios, outros problemas surgiram. O texto estava em comum acordo com a tabela, a tabela cochichava nos ouvidos pixelados das imagens e elas às vezes ouviam, outras não, revidando a mania das tabelas de encaixotarem-se em bordas e espaços indesejados. Um motim contra minhas intenções.

Focalizar um problema para resolvê-lo foi até funcional, se considerado que o problema específico era realmente resolvido, mas tal cacoete que adquiri no processo gerou outros problemas que poderiam ser evitados. Tentei mudar a estratégia. Isso requereria uma maneira diferente de olhar para a tela. Eu precisaria de uma visão holística, abrangente, que me ajudasse a resolver cada problema sem que o todo saísse de foco. Trabalharia sim, com o bendito texto mal-educado, sem esquecer que ele está abrigado por tabelas e, logo ao lado, há imagens que são essenciais para o que o e-mail honre a idéia para qual está sendo criado. Enquanto isso códigos são gerados. E, se olhar mais de cima, saímos da tela e vemos um monte de processos ocorrendo com as muitas conexões em bites dentro do computador, uma evolução tecnológica historicamente recente que me permite comunicar com pessoas que participam da minha história de maneira tão rápida. E é nesse ponto que saímos do conceitual e processual, e a tarefa passa a ser intencional.

Alvos claros definem passos intencionais legítimos.

Os problemas tornaram-se pequenos, as soluções mais claras. Podia ver amigos, familiares e conhecidos que quero tornar amigos, lendo a carta, e envolvendo-se com sonhos que não são meus.

O e-mail não ficou exatamente como eu gostaria, mas além de ter tempo pra melhorar, amigos responderam e escreveram-me cartas.

30.10.06

Sou...



Feito de água
Filho do mar

Perdido na própria imensidão
Satisfeito em ser imenso

Não por mérito.

Por semelhança
Por Imagem

Por criação.


O céu espelha sua cor
Os montes desenham seu contorno

A areia aconchega quem olha
O barco a velas...

Não por mérito.

Feito de água
Filho do mar

Por Imagem
Por semelhança.

23.8.06

Expira, inspira - Ções.

Respire fundo, devagar, e continue respirando, normalmente.

Respire fundo, devagar, e continue respirando.

Respire fundo, devagar, e continue.

Respire fundo, devagar.

Respire fundo

...

Respire.

Parte de um post antigo que desejei lembrar.

13.8.06

Lei da compensação.




- Se já sou uma gracinha, porque todos querem que eu seja responsável?


[Jim Davis]


4.8.06

"Lembra de onde caiste..."

O garoto tentou parar o tempo
Tentou voltar no tempo
Pra dar-se um tempo

Do tempo ignorado
Do tempo que já passou
Do tempo que dividiu,
o tempo.

Lembrar no tempo que foi
Voltar na lembrança do tempo
Em tempo de construir
no tempo.

1.8.06

Processo

Aprendo a viver,

com a total falta de verdade,

e ainda assim,

em pleno relacionamento
com a Verdade.

27.7.06

Alguém tem que se mexer!

O trabalho é garimpar nosso cristianismo, tirando as influências das outras cosmovisões, e deixar o ouro do Teísmo Bíblico, depois, responder como esses valores se aplicam à realidade de cada cultura. No Brasil, Maurício José Silva Cunha é um desses. Ele trabalha com a Rede Brasileira de Cosmovisão Cristã e Transformação Integral, e é sócio-fundador do CADI (Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral). Fundado em 1994 em Fazenda Rio Grande – PR, o CADI implementa projetos de assistência comunitária, como o Centro de Treinamento de Futebol e a Escola de Educação Infantil, com a visão de desenvolver populações carentes integralmente, de acordo com uma perspectiva bíblica, trabalhando com indivíduos, famílias e comunidades. Ele concedeu a entrevista na sala da hospedagem da agência missionária Jovens Com Uma Missão em Contagem-MG, onde esteve palestrando.


NA - Nesta semana, você falou sobre Cosmovisão Bíblica, nossa identidade como igreja e a abordagem integral do evangelho a respeito da vida. Na prática, como podemos fazer pra implementar essa cosmovisão nas diversas esferas sociais e áreas de influência?

Maurício – Basicamente você transforma um padrão de cosmovisão através do ensino, do discipulado. Os princípios bíblicos abarcam a totalidade da vida, então cabe ao obreiro sábio definir seu chamado específico e buscar pra essa área os princípios de Deus que vão fundamentar uma ação missionária transformadora. Por exemplo, se eu sou um educador cristão, preciso saber o que significa ser um educador cristão à luz dos princípios da palavra de Deus. O que significa ensinar geografia ou matemática de modo que isso reflita a pessoa de Deus? Esse é um trabalho árduo. Eu não tenho uma resposta fácil, uma receita. No Brasil nós fundamos a Rede Brasileira de Cosmovisão Cristã e Transformação Integral. A rede é um conjunto de ministérios que estão trabalhando no sentido de formular propostas práticas sobre como aplicar a cosmovisão cristã nas diferentes áreas da sociedade. Há pessoas específicas que estão pensando na política, outros na educação, outros nas artes. O importante é sabermos que a verdade de Deus é aplicável em todas as áreas da vida e que nenhuma área escapa da redenção de Cristo. Agora, como aplicar isso vai depender da área de atuação e do contexto onde você está. O Importante é não termos a mentalidade de um missionário que só vai salvar almas, mas de alguém que busca o discipulado da nação.


NA - Depois de entendermos a verdade de Deus aplicada, por exemplo, à política, contextualizada com a realidade brasileira, como vocês vão articular, como Rede Brasileira de Cosmovisão Cristã, pra fazer a coisa acontecer?

Maurício – Uma coisa que estamos fazendo é produzindo material que vai servir como fundamento pra quem quer trabalhar nessa área, então em julho sai um livro sobre sobre cosmovisão cristã. Depois queremos produzir materiais pra direcionar quem vai trabalhar em diferentes áreas. Na área política, uma das propostas da rede, claro que a longo prazo, é ter uma articulação política mesmo, eleger pessoas que entendem o cristianismo como sistema total de vida e que queiram levar a cosmovisão cristã pra essa área. Não estou falando de proposta partidária, mas de aplicar a cosmovisão cristã no país e tudo o que isso implica. E assim para as outras áreas também. Na área de educação por exemplo, existem alguns ministérios que já estão trabalhando a visão bíblica da educação, como a AECEP (Associação de Escolas Cristãs de Educação por Princípios), a ACSI (Associação Internacional de Escolas Cristãs). Os ministérios começam a se especializar em diferentes áreas da sociedade aplicando os princípios de Deus para aquela área, o que já está acontecendo, e o objetivo da rede é agregar esses ministérios.


NA - Historicamente a igreja sempre esteve atrás do seu tempo. Talvez, quando terminarmos de entender como podemos ser resposta para o homem pós-moderno, outro sistema de crenças esteja em vigor. O que devemos fazer pra não ficarmos correndo atrás do prejuízo e passar a agir como vanguarda?

Maurício – Precisamos acabar com a corrente anti-intelectualista na igreja. É aquela mentalidade: “Ah, não pensa muito não, só creia”. O profeta da nação é um profeta que sabe o que está acontecendo na nação. Esse é um padrão bíblico. Ele conhece o pensamento mundano, conhece o pensamento de Deus e por isso ele pode fazer o confronto. Nós precisamos de pensadores cristãos, mas não a intelectualidade morta, a letra morta. A bíblia fala que os filhos de Issacar foram chamados pra fazer o tabernáculo porque eram conhecedores do seu tempo. Então o cristão sábio, que quer fazer uma diferença, tem que manter um diálogo crítico permanente com sua cultura, tem que discernir que linha de pensamento não vem de Deus. Historicamente nós não temos muito essa tradição por causa desse tipo de mentalidade de que a racionalidade não é importante ou é menos espiritual. Isso não é bíblico. Espero que estejamos formando no Brasil um grupo de pessoas que vão estar de fato na frente do seu tempo, podendo ter esse diálogo crítico com a cultura à luz das escrituras.



NA - A quem são direcionadas as ações pra que isso aconteça, pra toda a igreja ou o foco é a nova geração?

Maurício – Estamos procurando abraçar quem quer. Tem um grupo muito jóia da nova geração que não está mais contente com aquela coisa de ter que ser uma uma pessoa na igreja e outra pessoa na universidade. A esperança é que essa nova geração não vai ter uma mentalidade dicotômica, separando espiritual e secular, e que vai conseguir pensar como levar o cristianismo para a universidade, para a área profissional... Estamos entrando em uma geração que não se contenta mais com aquele avivamento sem propósito, aquela coisa com uma ênfase exagerada na experiência subjetiva. Chegamos em uma hora em que se perguntam: “Então tá! e agora?”.


NA - Qual a pior consequência dessa dicotomia?

Maurício – Nós temos corações salvos, mas mentes babilônicas, mentes confusas, sincretistas. Temos pouco conhecimento da verdade. Temos pessoas com experiências com Deus, eu acredito nisso, pessoas sinceras, mas que não entenderam o cristianismo como sistema total de vida, assim, não temos uma igreja que impacte a sociedade. Temos um monte de gente na igreja, mas ela é muito menos transformadora do que poderia ser. Temos muitas "almas" sendo salvas e isso é bom, mas não temos uma aplicação completa do cristianismo. Pra mim essa é a pior consequência da mente grega, você não permite que a verdade de Deus se manifeste integralmente, apenas uma parte, uma visão estreita das intenções de Deus para o ser-humano.

22.7.06

É coisa da nossa cabeça.

Sobre os 3 milhões reunidos na Marcha pra Jesus e a violência em São Paulo

Índice de divórcio; igual. Pobreza; igual. Depressão; igual. Foi essa a conclusão quando comparados os resultados de uma pesquisa que descreveu o perfil dos evangélicos brasileiros, realizada em 2004, com os dados do IBGE. Isso nos faz questionar algumas coisas. Se os nossos índices são iguais aos da sociedade em geral, que diferença pretendemos fazer? Quem realmente está influenciando e sendo influenciado? Estamos sendo pró-ativos ou passivos? Se não estamos somente na defesa, que relevância nossas ações tem tido? Sabemos realmente quem nós somos? Se o sal não salga, ele também apodrece?


O Brasil, hoje, é palco de uma acelerada multiplicação de denominações, de templos abarrotados, de presença evangélica nos grandes centros, nas periferias, nas zonas ruais e até nos sertões. Estamos em todos os lugares. Há uma bancada evangélica no Congresso Nacional, redes evangélicas de rádio e televisão, grandes editoras, associações e sindicatos de empresários cristãos, filósofos cristãos, educadores cristãos e um monte de outros [alguns deles, registro, fazem um trabalho consistente e relevante]. Seria igualmente preocupante, mas não tão alarmante, se nós estivéssemos crescendo, mantendo os valores que regem o cristianismo bíblico dentro do nosso gueto, mesmo que a sociedade continuasse a mesma [como se fosse possível]. Mas nós estamos crescendo, e nos mesmos moldes mentirosos que constroem a mentalidade daqueles que intitulamos ímpios e perdidos. Alguém vai ganhar a guerra das idéias. Não há empate.

Idéias tem consequências. A preleção da nossa cultura, os conceitos formados durante nossa história, o que acreditamos ser real e verdadeiro, certo e errado, bom e bonito, definem nossas opiniões acerca da nossa humanidade, propósito de vida, prioridades, classificação de valores, deveres, responsabilidades para com a família, interpretação da verdade, questões sociais, etc. Colocam o grau nas lentes que usamos para interpretar o universo ao redor. Chamamos essas lentes de COSMOVISÃO, e é com base nelas que fazemos nossas escolhas.


Cosmovisão:

Ninguém necessitava de um conhecimento histórico-científico sobre cadeiras. Quem as inventou, a evolução dos modelos, os materiais utilizados, as técnicas de feitio, a reação atômica do material quando nossa bunda descansa nos diferentes tipos de assentos. Nada disso era preciso. Qualquer um podia saber se uma cadeira era construída por um cristão ou não. Falo dos cristãos da época da Reforma que entenderam a Reforma. Quer saber se essa ou aquela cadeira, expostas logo ali, à venda, foi feita na marcenaria de um cristão? - alguém diria - Olhe a parte de baixo. Olhe naquele lado onde ninguém olha, a parte que fica escondida, os detalhes que ninguém vê. Se essas partes da cadeira foram construídas com a mesma qualidade e capricho das partes mais visíveis, então foi um cristão que a fez, pode comprar com tranquilidade.

Não estou dizendo que só os cristãos da reforma construíam cadeiras de qualidade, mas era muito mais provável que eles o fizessem. Porquê? Por causa da cosmovisão que a reforma trouxe sobre vocação [É com base na cosmovisão que fazemos nossas escolhas. Lembra?]. O homem percebeu que poderia glorificar a Deus não apenas como sacerdote, mas como sapateiro, professor, policial ou qualquer outra profissão exercida com diligência e honestidade. Essa mentalidade fazia parte dos nutrientes presentes no solo em que as raízes dos Estados Unidos foi plantada. Essa herança anglo-protestante mostra uma das razões da diferença entre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento. A maneira como pensamos determina o que nos tornamos.


Como estão nossas lentes:

Alguém diria - “Mas construir uma cadeira, extrair um dente, tirar o lixo, aplicar provas, fazer o teste de matemática, lavar a louça; criar, aprovar e executar leis; escrever, dançar, atuar, pintar, pegar um cinema, namorar... Tudo isso é parte do mundo secular, o jovem precisa se preocupar mais com as 'coisas de Deus', com a 'obra de Deus', como os ensaios do grupo de louvor, as orações, intercessões, cultos, evangelismos, ceia, batismo, ler a Bíblia...” Inegavelmente, é esse o dualismo que vivemos. Aquilo que é secular não tem muito a ver com os interesses de Deus, porque ele se preocupa é com as “almas”. Assim, fazemos como o doutor Frankenstein, que criou um corpo de corpos mutilados, que andava e falava, mas estava meio vivo, meio morto. Como diz a canção: “ Enquanto o domingo ainda for nosso dia sagrado [...], não tem jeito não”[1].

Nosso Teísmo é uma mistura de uma teologia esclerosada [2], com as outras duas outras grandes cosmovisões. Somos Animistas, quando adorar significa se emocionar, quando lutamos pela destruição de bastiões do inferno, fazendo de todo problema resultado da ação de satanás ou de maldições, quando fazemos “batalhas de oração” repreendendo a corrupção no governo, e não fazemos nada pelo governo além disso, quando evangelizar é ganhar as “almas”, quando suprimimos a razão para dar lugar a fé, quando dizemos que o homem só está aqui em espera pelo paraíso. Somos Humanistas, quando pensamos que nosso único dever com relação ao dinheiro é dar o dízimo e quando nossas decisões são determinadas pelo muro financeiro, quando todo problema é simplesmente uma questão circunstancial e física, quando achamos que o Serviço de Atendimento ao Consumidor não tem nada a ver com Deus, quando igreja e negócios são negócios à parte, quando, para usar a razão, suprimimos a fé.


Evangelho integral:

“Ele é a cabeça do corpo [...], porque foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo TODAS AS COISAS, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz”[3]. O cristianismo é um sistema total de vida e pensamento. O único capaz de abarcar toda a vida de uma forma perfeitamente inteligível e lógica.

O cristianismo da Reforma estabeleceu um novo conceito da relação do cristão com o mundo. A visão medieval do universo olhava para o mundo como inerentemente mau e tudo precisava ser cristianizado para que pudesse ter real valor. Os poderes políticos, a ciência, as artes e qualquer outra manifestação cultural — tudo devia dobrar-se diante do poder da igreja. Essa mentalidade criou um mundo “gospel” paralelo, uma contra-cultura.

“Os reformadores não foram ingênuos em sua concepção do mundo: a queda afetou a harmonia cósmica, o mundo decaído “jaz no maligno” e o cristão deve empreender uma luta ferrenha contra o mundo, a carne e o diabo. Apesar disso, o mundo é criação de Deus, e ele o sustenta e preserva”[4]. Nós afirmamos que tudo é intrinsecamente bom, pois há uma verdade sobre todas as coisas. Assim, o mundo não precisa de evangelicaismos. Tudo pode apontar para a pessoa de Deus, e como ele mesmo fez, promovendo justiça e transformação. Nós somos completamente cristãos, à todo momento, todos os dias da semana e em tudo quanto fazemos. “Não há um milímetro cúbico em todas as áreas da existência humana sobre o qual Cristo, que é Soberano e acima de todos, não possa dizer ‘É meu!’ ”[5].

Temos que assumir nosso papel e começar a dar nomes aos animais. Nós é que criamos a história, não somos suas vítimas. Deus tem algo a dizer sobre a política, sobre a educação, saúde, artes, entretenimento, sobre família, relacionamentos, trabalho, sobre dinheiro, sobre o papel do homem, o valor da mulher, sobre negócios... O evangelho integral redime a cultura.

Se temos uma mente dualista, vamos gerar discípulos com a mesma mentalidade. É nossa escolha vivermos um cristianismo alienado do mundo, um cristianismo conformado com o mundo ou um cristianismo que impacta o mundo, no mundo, mas não do mundo.

Não acho que seja vantagem esperarmos para descobrir se o sal insípido apodrece ou não.

--------------------------------------

[1]Em nome da Justiça (João Alexandre)

[2]Esclerose - Doença do Sistema Nervoso Central, lentamente progressiva, que se caracteriza por placas disseminadas de desmielinização (perda da substância - mielina - que envolve os nervos) no crânio e medula espinhal, dando lugar a sintomas e sinais neurológicos sumamente variados e múltiplos, às vezes com remissões, outras com exacerbações.

[3]Colossensses 1:18-20, Tradução NVI.

[4]Misael Nascimento, “A Reforma, O Cristianismo e a Cultura”, http://www.ejesus.com.br/home/exibir.asp?arquivo=5554.

[5] Kuyper, Abraham, Abraham Kuyper: A Centennial Reader, ed. James D. Bratt (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1998), 488.

14.7.06

"O sonho agora é real"

"Vamos consertar o mundo
Vamos começar lavando os pratos
Nos ajudar uns aos outros
Me deixe amarrar os seus sapatos

Vamos acabar com a dor
E arrumar os discos numa prateleira
Vamos viver só de amor
Que o aluguel vence na terça-feira

O sonho agora é real
E a chuva cai por uma fresta no telhado
Por onde também passa o sol
Hoje é dia de super mercado

Vamos viver só de amor
Vamos viver só de amor
Vamos viver só de amor"
["Vamos Viver". Composição: Indisponível. Já interpretada por Sandra de Sá e por Herbert Viana]

10.7.06

O ponto de vista...

...muda a perspectiva.


4.7.06

Antitype

"Even though you've been raised as a human being you're not one of them. They can be a great people, Kal-El. They wish to be. They only lack the light to show the way. For this reason above all - their capacity for good - I have sent them you... my only son." - Jor-El.


"The world doesn’t need a savior, and neither do I." - Louis Lane.

"But everyday I hear people crying out for one" - Superman.
.

9.6.06

Em 1983...

Começou mais ou menos às quatro e meia da manhã...

Tic-tac, Tic-tac, Tic-tac...

E pensar que já tentei parar o tempo.
Mas mesmo que me deite,
a terra continua girando,
como naqueles filmes antigos onde o carro tá parado
e o cenário vai passando,
mas aqui é o contrário
Ele pensa que tá parado,
e na verdade tá andando.

Eu posso querer parar.
Freios a disco colossais na engrenagem do mundo.
Ou um "PARE" gigante
pra depois da próxima curva dessa órbita.
Talvez o piloto da Terra respeite nossos sinais de trânsito.
Talvez o que aperta os botôes pare a máquina Universo.
Uma peça quebrada.
Então sopra o apito.
O botão vermelho.
Nos nossos botões sempre é o vermelho.

Tic-tac, Tic-tac, Tic-tac...

Ele queria trilha sonora
queria cor de cinema.
Descobri que tem cinema depois da janta.
Que tem musica antes do despertador.

Não dava rosa nem azul
Tudo amarelo e verde
Ela não sabia se era menino ou menina

O menino tentou parar o mundo
A menina ficou no sonho.
Ela nem queria mesmo.
Ela ama o menino.
O menino tentou parar o mundo.
Segundo herdeiro de quase nada.
Herdeiro de tudo.
Ele ama o menino.
Gosto do verde da almofada.
Ele sabia que eu viria.
Não quero mais parar o mundo.
Ele toca todos os dias.
Tem trilha sonora.
Dá pra ouvir o relógio.

Terminou ás cinco e trinta e seis...

Tum-tum, Tum-tum, Tum-tum...

3.6.06

Nosotros

No final, percebemos que não tratava-se de roteiros, produção, edição, ângulos e movimentos de câmera, locações, atores, perfeições... O nosso coração é que foi moldado. Quatro semanas em Buenos Aires, no Seminário de Produção Audiovisual, construindo um avião em pleno ar. Tocando um concerto enquanto aprendíamos a ler partitura. O resultado foi o vídeo abaixo, nosso primeiro video, um pequeno começo, e eu o posto como memória e como gratidão.

"Nosotros" formamos um bom time! Obrigado amigos! Espero um reencontro em algum lugar desse mundinho, e quem sabe trabalhamos juntos de novo.

Saudade...


31.5.06

A Despedida

Lugar Desconhecido, 31 de Maio de 7082, Calendário de Campos Gramados.

Saudações Risada-Mais-Gostosa,

Perdão pelo domingo. Estava no caminho para te buscar quando recebi notícias do Leste e precisei cavalgar, rápido, para além dos limites de Campos Gramados. Deixei uma carta com o Sr. Olhar-Que-Escuta-O-Vento, caso tenha ido à casa da Dona Flora sem mim. Se a recebeu, sabe porque fui embora, se não, peço que dirija seus rogos para Acima dos Céus ao meu favor, mas atenho-me a dizer-lhe aqui como foi minha partida.

Era meu primeiro encontro com este a quem se inclinou o doce coração de pólem da nossa amada amiga [e nosso último até aqui]. Ele sabia meu nome, e também conhecia o seu, talvez Dona Flora tenha mencionado, ou talvez ele possa mesmo entender os ventos. Perguntou-me se eu havia escrito algo a respeito do meu retorno na carta, eu disse um "sim", curioso com a pergunta. O vento sopra onde quer, meu amigo - Começou em tom preocupado - Se você escolhe segui-los, nem os desejos o controla. Mas há como aprender a fazer, desde a mais leve brisa até do mais forte tornado, aliados, em um tratado onde você respeita os caminhos do vento e ele considera os seus. E não me refiro aos "seus" como sendo somente você - Terminou com um leve sorriso, como quem queria dizer que eu sabia a quem ele se referia - Entregarei a carta se Linda-Princesa-E-Desejo-Dos-Seus-Olhos aparecer por aqui - Foi assim que se referiu a você, como se pudesse ver além do que eu mesmo entendo.
Ainda pensativo, respondi com um “Muito Obrigado” e virei-me para seguir jornada. Dona Flora saiu para se despedir com uma cesta adornada com flores, cheia de Bolinhos de Mel e Pães de Girassol - Provisões para a viagem - Disse ela, sorrindo como só mesmo ela e você sabem sorrir - Adeus Filho-De-Todo-Verde.

Virei-me com muita gratidão, ciente de que as provisões de Dona Flora durariam apenas os dois primeiros dias de cavalgada. Sai pensativo, caminhando e puxando meu cavalo, imaginando se toda essa história dos ventos, algum dia, possa fazer com que se cruzem nossos caminhos, para corrermos por Campos Gramados de novo fazendo ecoar risadas escandalosas de doer a barriga.

Olhei para trás, por cima dos ombros, enquanto saia pela Alameda do portão ao Leste, entre os canteiros de Copos-de-Leite e Mimos-de-Vênus, o que atraía os Beija-Flores. O Sr. Olhar-Que-Escuta-O-Vento acenava como que sinalizando para as brisas daquela confortável manhã, abraçado a Dona Flora, que agora lançava ao ar, tirando de uma cestinha de gravetos, pétalas brancas, amarelas, verdes e azuis. As pétalas, graciosamente, alçavam vôo e se espalhavam, como se cada uma soubesse exatamente onde pousaria seu destino.

Além do portão, não sabia o que me esperava, e ainda não sei. Mesmo agora, não posso dizer ao certo onde estou...

Que esta carta encontre seu caminho como as pétalas de Dona Flora, assim como devem fazer nossos pés.

Teu é meu ar,

Com amor.

7.5.06

DiariaMente

Não sou o único que não gosta de bagunça. E por vocês, que de vez em quando passam por este espaço, mesmo com tantas opções na rede, não posso simplesmente levar a poeira para debaixo do tapete. No entanto, não quero fazer outra faxina por aqui, como diz mamãe, o melhor mesmo é manter sempre limpo. Minha Renite Alérgica sobreviveu à última cortina de poeira das vassouradas de meses de desocupação, mas não agora. Não posso arriscar mais noites empilhando pedaços de papel higiênico encharcados ao lado da cama. E não serão os afazeres das últimas duas semanas que vão desanimar-me, nem o ócio do sábado e muito menos o dia de hoje, dia da ressurreição, sagrado dia na rotina cristã, dia do Senhor desde o original, em latim, e dia do sol em Sunday e Sonntag. Dia propício para lembrar que todo dia é dia de limpeza, de atualizar, de reinventar, de repensar, de redescobrir, de significar... que todo o dia é dia. Não sou o único que não gosta de bagunça. O melhor mesmo é manter sempre limpo...

17.4.06

Antes de ovos e chocolate...

Saímos a caminho de Jerusalém. A alegria desta época do ano pairava de uma forma diferente, como que esperando, ansiosa, reflexiva e aconchegante. Meu filho perguntou – Papai, o que acontecerá ali? Há tantas coisas que eu ainda não entendi. - Enquanto caminhávamos, contei-lhes novamente sobre Abraão, Isaque e Jacó; relatei alguns feitos dos grandes reis e, por último, narrei a Grande História, de quando ainda nem éramos uma nação, e como escravos, o anjo da morte, na última praga, poupou os primogênitos de nossos pais pela marca do sangue de um cordeiro, praga que fez o poderoso Faraó permitir nosso êxodo, nossa liberdade. Depois de falar-lhes sobre Moisés, a travessia no mar e no deserto, eu disse às crianças – Cuidem do cordeirinho.

Ao chegarmos à cidade, ouvimos rumores estranhos sobre coisas estranhas e, de fato, o povo não cantava, as crianças não sorriam. Toda a atenção estava voltada para o pátio do Procurador, quando, mesmo de uma certa distância, ouvimos os gritos pedindo a sentença – Crucifica-o! Crucifica-o! Para a Cruz! A Cruz!

Tentamos escapar da confusão. Não queríamos fazer parte do que estava para acontecer. Somos pessoas de bem... Se ao menos tivéssemos conseguido chegar ao templo, ofereceríamos os sacrifícios e... Mas quem era aquele homem? Quase todo o colégio sacerdotal se ocupava de acusá-lo. Fiquei imaginando o que fez ele de tão ruim; deveria ter sido uma grande ofensa ao Deus de Israel.

Alguém disse – Lá está Jesus! - Eu não queria acreditar... Um homem tão machucado, o sangue que corria do seu corpo mutilado, a armação de espinhos cravada na fronte, e a cruz... tão pesada. Procurei em seus olhos o brilho fosco deste pecado que incitava a multidão, mas... Eles andavam à caminho do Monte Caveira. E no momento em que caiu... A cruz sobre seu corpo enquanto alguns aplaudiam e outros mostravam pena, piedade e até mesmo aflição. Naquele momento... Acho que eu estava perto demais, e nem me lembro porque cheguei tão perto. E foi naquele momento que, olhando para ele, senti agonia e uma dor profunda. Então o soldado romano gritou – Você! Carregue a cruz! - Eu pensei em resistir, mas ele tinha a espada na mão. Ajoelhei-me, tirei a cruz de sobre seu corpo, levantei-a e ... seu sangue nas minhas roupas... continuei a caminhada levando a arma que levaria aquele homem agonizante, arrastando-se ao meu lado, à morte.

Ao chegarmos ao Calvário, pregaram seus pés, suas mãos, e ergueram a cruz... Naquele momento, na cruz, ele falou – Pai, perdoa os meus irmãos – Eu nunca havia visto tanto amor nos olhos de quem sofre. Ele disse – Está feito – E morreu...

Pasmado por um momento, fiquei sem perceber quando meu filho me abraçou, com o desespero natural das crianças quando cometem algum erro e temem a correção. Chorando, disse-me o mais velho – Papai, nos perdoe, o cordeirinho escapou. - Meu filho perguntou – O que aconteceu aqui? Há tanta coisa que ainda não entendi. - Coloquei-o nos meus braços e, olhando para a cruz, disse à eles – Queridos, lá está o cordeiro, Jesus.

(Texto inspirado em uma canção, que não me lembro o nome, do cantor Júnior.)

13.4.06

Minhas novas primeiras vezes

Como dizem - Sempre tem uma primeira vez. Pensando nisso, acabo de imaginar-me sentado na beira da cama, nú, escondendo as mãos entre as pernas, retraído, tímido na noite de núpcias e até meio amedrontado, confessando: essa é a minha primeira vez. As cenas deste último fim de semana não foram assim, tão bizarras, mas foram dias de muitas primeiras vezes.

Foi a primeira vez que visitei o sul de nosso solo pátrio. A primeira vez que o dia não estava nublado e pude ver São Paulo de cima. A primeira vez que meu cartão bancário foi bloqueado, que deixei um recadinho para a comissária de bordo, que não carreguei bagagem em excesso. A primeira vez que, aqueles amigos que primeiro abracei no Rio, beijei em Joinville, e que de Joinville ganhei novos amigos. A primeira vez que tomei Capirinha de Vinho (vinho com açucar, gelo e limão), que comi melado, pão com doce de leite e maionese juntos, um tipo de torta de banana com um nome em alemão que não me lembro, e o famoso churrasco dos sulistas (que tem mesmo razão de ser famoso). Falei minhas primeiras palavras em alemão e foi a primeira vez que tentei desbloquear meu cartão. A primeira vez que vou a uma igreja Luterana. A primeira vez que fui da equipe azul e que, com a equipe azul, ganhamos três das quatro tarefas em uma gincana que todos ganham. A primeira vez que assisti "Jogos Mortais II", que comi pastel de chocolate com morango, que tomei café em uma mesa onde cada um tem sua própria faca pra cortar o pão. A primeira vez que ri de piadas do Chuck Norris, que vi drogada comparar a lua com tapioca (em peça teatral), que não tive crise de claustrofobia ao dormir em barraca nem crise alérgica pela mudança de clima.

Algumas coisas, eu me lembro, já aconteceram antes, mas são momentos tão especiais, na companhia de amigos tão especiais, que é como se fosse a primeira vez (isso pareceu até nome de filme ...rs): Corremos na grama até cair, fizemos guerra de balão de água, demos risadas de doer a barriga, sonhamos sobre nossos sonhos, acordamos com sorrisos de "Bom Dia!", choramos, cantamos, dançamos, dormimos ao relento, olhando o céu, torcendo pra ver estrela cadente, procurando desenho em nuvens, contando quantos braços seriam necessários para alcançar essa ou aquela estrela, vendo a noite passar, falando bobeira, compartilhando amor, e para a lista das primeiras vezes, conheci uma nova constelação e vi o Cruzeiro do Sul, desde o sul.

Pela primeira vez, pedaços de mim ficaram em Joinville, nos amigos que lá estão e nos novos amigos de lá. Agora tenho uma desculpa pra voltar, afinal, preciso tentar buscar o que ficou pra trás, mas é claro que isso é só uma desculpa, na verdade, não pretendo trazer nada de volta.


Saudades...

4.4.06

Devaneios da manhã.

Aquela gaivota sobrevoa o breve caos do porto, enquando a madrugada acorda o dia. Ela avista, lá em baixo, na dança da maré, alguma coisa brilhando, refletindo os primeiros raios tímidos do sol, na luta por alcançar a margem. A ave imagina, por efeito daquele raro brilho e também por não estar completamente desperta, que fosse algum peixe exótico que lhe conferiria poderes para respirar em baixo d'água. Ela dá um razante já deliciando o banquete com todos os novos sabores que encontraria além do solo liquido, depois de comer as barbatanas encantadas. Por um reflexo, no exato momento antes de dar uma bicanhada, o que iria resultar em uma baita dor de bico, a alada que sonhava nadar percebe que não trata-se de um peixe, muito menos um peixe mágico. É um objeto de um verde transparente (Nós chamamos de vidro, mas é claro que as gaivotas não sabem disso). Há algo lá dentro, como um rolo de uma folha seca e quadrada, amarrado no meio com um barbante. O objeto está tapado com uma rolha. Grafado no fundo, tem um círculo, que não é exatamente um círculo, como se desenhado por uma criança da pré-escola, e há inscrições ao redor, que aparenta ser alguma caligrafia desconhecida. A gaivota volta frustrada, para sua caça matinal, enquando a garrafa quase pousa na areia...

28.3.06

Nossa A-Brasilidade e o Carnaval

Em bate-papo com Bráulia Ribeiro, lingüista e presidente nacional da agência missionária Jovens Com Uma Missão (Jocum-Brasil), entrevista que será publicada na primeira edição do programa Integração B, conversamos sobre o nosso posicionamento como cristãos brasileiros em relação ao Carnaval.
Na expectativa de que possamos pensar um pouco mais sobre isso, decidi deixar a entrevista à disposição aqui em Nos Ares.


IBO Carnaval é palco para diversas expressões artísticas, a exemplo da música, das escolas de samba em São Paulo e Rio de Janeiro e os trios elétricos de Salvador. O que toda a arte do Carnaval expressa a respeito do povo brasileiro?

Bráulia - O Carnaval é uma das expressões mais importantes da nossa cultura, do que a nossa cultura tem de celebração, de prazer pela vida. O brasileiro é aquele que gosta de viver e qualquer coisa é motivo para uma festa. Então isso é o Carnaval. É aquela festa do país inteiro. Quando nós falamos em redefinir, em repensar a cultura brasileira, em cristianizar a cultura brasileira nós não jogamos fora aquilo que é bom.


IB – Existe certa aversão da igreja em relação ao Carnaval. Quais seriam as desvantagens disso, e como nós poderíamos olhar essa festa com olhos diferentes?

Bráulia – A Igreja em geral não tem aversão à festa, a igreja recria essa mesma festa em outro contexto. Por exemplo, a “Marcha Para Jesus” é uma espécie de Carnaval dos crentes. Onde todo mundo se reúne e celebra. Celebra a Jesus, celebra sua igreja, celebra sua denominação. É festa do mesmo jeito. Mas porque nós temos uma mania de criar uma cultura alternativa, e não interferir com a cultura nacional, e não tentar reconstruir com valores cristãos a cultura nacional, nós reinventamos uma cultura paralela. E uma maneira diferente de pensar, seria tentar contribuir com a cultura, tentar comunicar os valores cristãos para a cultura que já está, ao invés de criar um movimento alternativo, ao invés de se fechar num gueto evangélico.


IB – Porque isso aconteceu? Porque a igreja se fechou nesse “gueto evangélico”?

Bráulia – Eu creio que, em parte, foi para se proteger. Durante muitos anos nós éramos um grupinho pequeno, encolhido. Nós nos protegíamos da cultura nacional com uma idéia errada de santidade. Nós ouvimos que santidade é se separar. Eu acho que devemos buscar redefinir alguns conceitos cristãos. Nós nos separamos sim, mas nos separamos não da cultura envolvente, não do mundo. Jesus falou: “Não vou tirá-los do mundo, mas vou livrá-los do mal”. Mas nós nos separamos do mundo, nos separamos das pessoas do mundo, nos separamos daquilo que é cultura, daquilo que é parte da nossa identidade, ao invés de confrontar aquela identidade com os valores cristãos. Então o conceito de santidade deveria ser: Nós nos separamos para ele. Com isso nós separamos o que é bom da cultura do que é ruim, promovemos o que é bom e deixamos pra lá o que é ruim.


IB – O Carnaval alcançou proporções tais, a ponto de merecer o reconhecimento de maior festa popular do mundo. Você acredita que há esperança para a redenção do Carnaval?

Bráulia – Essa é uma pergunta difícil. Eu não quero dar a impressão de que estou advogando os crentes ficarem pulando carnaval, mas eu também não acho que é se escondendo em Retiros que nós vamos conseguir ter alguma vitória. Nós temos que orar, temos que buscar estratégias, temos que pensar... Quem sabe escolas de samba cristãs mostrando a história do evangelho nas ruas seja uma alternativa. Deus é muito criativo e o povo de Deus é criativo para ter influência.


IB – Quais as desvantagens, em termos de identificação com o povo brasileiro, que nossa ausência no Carnaval produz?

Bráulia - A ausência do povo de Deus de qualquer contexto produz podridão. Nós somos o sal da terra, somos a luz do mundo. Então quando nós não estamos presentes, temos uma sociedade em trevas. Em qualquer contexto social onde o povo de Deus se afasta, só sobra desespero. E é isso o que tem acontecido com o carnaval. Nós temos nos afastado até do diálogo com a cultura nacional em geral, não só com o Carnaval, e isso tem produzido um Brasil cada vez mais corrompido, cada vez mais vazio dos valores verdadeiros, cada vez mais necessitado de referências. Será que nós vamos ser essas referências? Será que nós vamos ser capazes de dar para o Brasil referências morais nessa época de desespero que nós estamos vivendo? Ou nós vamos simplesmente criar o caos. Pelo afastamento dos cristãos cria-se o caos, eu acredito.


IB – Na sua opinião, qual é o sonho de Deus para o Carnaval?

Bráulia – Eu acho que Deus quer ser glorificado através de toda expressão cultural. Toda cultura, todo povo, cria suas manifestações artísticas, musicais, dançantes... E essas manifestações são manifestações de louvor na sua essência, porque tudo o que nós fazemos é na sua essência aquela nossa necessidade de contato com o eterno, porque nós somos seres eternos. Então o Carnaval seria, talvez, a maior celebração de louvor que existe na face da terra se a gente tivesse a capacidade de redimir essa festa, de entrar lá e transformar o contexto completamente. E eu não acho que isso iria tirar a graça do Carnaval, porque a graça do Carnaval não está no crime, não está no sexo pervertido, não está na falta de limites. A graça do Carnaval está na celebração, está na alegria; na liberdade alegre que existe na festa.


IB – O que você diria, como um convite, para que possamos ser integrados nesse processo de redenção cultural?

Bráulia – A nossa identidade cultural é parte de quem nós somos. É muito difícil tirar, por exemplo, da Bráulia, a mineiridade, porque eu sou mineira. É muito difícil tirar do carioca a carioquês dele e ele continuar sendo quem ele é. Nós não podemos rejeitar nossa identidade. Nessa rejeição da identidade nacional nós rejeitamos quem Deus nos fez pra ser. Rejeitando a nossa brasilidade rejeitamos a Deus com a criatividade que ele espalhou aqui nessa Terra Brasil. Então acho que é tempo de nós, cristãos, entendermos quem nós somos em Deus. Não ter vergonha da nossa identidade. Não tentar copiar as identidades cristãs de fora. Eu ouvi uma vez alguém dizendo que brasileiro não sabe adorar, brasileiro só sabe gritar. Gritar é adorar! Dançar é adorar! Celebrar é adorar! São expressões diferentes de adoração. Nós temos uma capacidade extrovertida de adoração que é nossa! Então acho que nós temos que pensar em resgatar a brasilidade; de uma maneira santa, de uma maneira amorosa, de uma maneira justa, de uma maneira de Deus, e nós vamos ser capazes, quando fizermos isso, de dar muitas respostas para essa sociedade desesperada que anda por aí.

24.3.06

Sou alérgico a poeira!

Já faz tanto tempo... Ainda lembro-me da última postagem...

Bem, vamos começar acendendo a luz - clique!

Parece que tenho algum trabalho aqui. Uma boa limpeza em um lugar nesse estado é quase masoquismo para alguém como - Ah, ah... Athim! - eu. Sabia que não seria fá-fá... fácil. Pelo menos os arquivos estão organizados. Agora é só terminar de colocar os links de blogs mais bem cuidados do que este, depois que eu terminar de tirar essas teias de aranha. Tomara que esta animação dure - Athim! - Ai, que asco! Dure até o próximo ano. Vou ao banheiro limpar esse nariz, depois eu volto para deixar o recado de que agora vou responder os comentários na própria janela de comen-men-te-thim! comentários. Ask! Vou trocar de camisa também.