24.5.05

Caixinha de Verdades

"Os homens mais o deiam o mal

do que amam o bem"

18.5.05

Seria ingratidão?

A rua já estava deserta. Com as mãos nos bolsos comprimia meus braços contra o corpo tentando afastar o leve frio de uma típica noite de inverno daquelas bandas de lá. A rua deserta alimentava o sentimento de abandono enquanto olhava para meus próprios sapatos, ritmando cada passo no cinza escuro do asfalto, lamentando com meus pensamentos sobre as decepções que me garantiu aquelas poucas horas, desde o momento que me levantei da cama.

Como havia sido difícil encarar o despedir do dia sabendo que não há segunda chance, com aquele desejo de correr para trás na esperança de que o sol correria comigo e eu poderia fazer tudo diferente. Ainda que eu pensasse, com alguma razão, que o problema não era eu mesmo, e que estava, mais uma vez, sendo vítima das circunstâncias, desejava voltar. Talvez alguma coisa mudasse, talvez eu mesmo.

Faltava alguns metros para chegar em casa. Abatido demais para cumprimentar alguém e educado demais para não o fazer, acenei para uma amiga que vinha pelo outro lado da calçada, por segundos tentei imaginar o que ela fazia por estar sozinha e ser tão tarde, foi nesse ponto onde, sem muito esforço, abri um sorriso que sempre convence até a mim, e a saudei – Olá, tudo bem? – A resposta veio como aquele clarão repentino que faz doer os olhos – E como poderia não estar com uma lua dessas no céu?

Ela continuou seu caminho. Os poucos passos até minha casa foram brotando algo que se confunde com esperança, como que me acostumando com a claridade, uma sensação parecida quando se descobre algo novo.

Com a chave no portão, relutei abrir e entrar, por fim, deitei na calçada, admirado demais para ver o tempo passar, olhando para aquela linda noite de lua cheia.

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7.5.05

Na porta da geladeira...

Vou passar uma semana sem postar por estar de folga, mas podem aproveitar os posts abaixo.
Nos vemos em uma semana.
Abraços!

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Ensaio

A porta entreaberta deixava entrar a pouca luz da sala ao lado, ainda assim, ao frescor e zumbido do velho ventilador, debruçado no andar de baixo daquele beliche meio enferrujado, como que por extinto, enxergando somente as sombras dos movimentos de sua mão, empurrava suas palavras no esquecido caderno que, agora desperto, voltava a bocejar o que noites acalentaram do caminhar do sol em viver o seu dia.
Ele não sabia como dizer e perece que não tinha mesmo o que dizer, a não ser quanto as divagações se tal fato era bom ou não fazia diferença.
Enquanto questionava se o vão esforço de encontrar algo no alforje do pensamento simplesmente pelo vão esforço em traduzir a verdade que inflamava dentro de si, faria com que essa mesma verdade deixasse de ser. Sempre lhe disseram que é preciso acreditar no que se diz, crer no que se escreve e entender a ambos. Seria, pois, verdade, a capacidade de tão somente viver as mesmas que não conseguia explicar, após decepções de tentativas frustradas em transcrever naquelas páginas empoeiradas? Contudo, raramente o desejo é passivo, a vontade de fazê-lo o segurava ali, por longo tempo, com um lápis mal apontado na mão que escreveu alguns rascunhos sem sentido. Sentia-se como um pintor cujos olhos brilham em cores, mas lhe é impossível tecer um único risco na tela, como um músico sentindo a harmonia de acordes novos, mas que é incapaz de tocar uma única pauta. Era como um quebra-cabeça montado ainda que suas peças estivessem embaralhadas.
Será o pintar, o tocar, o escrever, que traz todo esse sentimento ao que se entende como sendo real? Alguém apagou a luz da sala ao lado. Para evitar que suas palavras se atropelassem nas linhas e entrelinhas, escolheu largar o caderno no chão, pôs sobre ele o lápis e deitou-se a dormir.

5.5.05

By Ana

Ah! Quem dera os sonhos fossem verdes.
Ah! Quem dera eles tivessem asas.
Ah! Quem dera os verdes tivessem asas e sonhos!
Ah! Quem dera...

2.5.05

Comentário sobre o post anterior

"A escrita foi supimpa, um ensaio, mas sempre temos que lembrar que cada dia o jogo é "à vera" não tem treino hoje para viver o jogo da vida no dia seguinte, por isso mano, perceba o que cada estação traz mesmo quando elas parecem se confundir. Aqui no Rio, e penso que no Brasil todo, temos apenas verão e inverno, mas isso não significa que não existe outono e primavera, elas tem força própria sobre a natureza mesmo que isto não seja expressivo pra nós aqui no Rio.
Sobre valores e vontades, ambos tem expressão sobre a nossa natureza mesmo que isso não fique patente aos nossos olhos muitas vezes. No verão temos as cores e as frutas, na primavera as flores, no outono a morte do antigo, no inverno muita coisa morre, literalmente seca com o frio, mas no verão coisas novas voltam a frutificar e são possíveis mais flores na primavera. Não é nada doce esperar, é um exercício de virtudes. E esperar não te isenta de errar, porque existem muitas maneiras de esperar, e podemos adotar formas que não sejam pedagógicas. Então, se não temos a capacidade de aprender e se renovar com o esperar, então não é espera, é tortura. Esperar é trilhar um passo a passo acreditando que em algum momento vamos chegar ao fim ... que seja o encontro, que seja um alvo, que seja um objetivo, que seja um sonho, que seja alguém estimado e aguardado como o Mestre, que seja o fim da linha que aprendemos a chamar de morte.

Siga seu caminho e permita que através de pequenas coisas ele se torne nobre.

Acredito em vc!!!"

Sua amiga.

1.5.05

Valores e Vontades

Este é o momento de parar, e pensar, ou simplesmente parar.
Preciso rever meus ideais todos os dias, acordá-los de vez em quando. Um banho de água fria na razão, quando cochila.
Sei disso, foram os mesmos que nos trouxeram o café solúvel e o fast food, mas praticidade não se aplica aqui, preciso perceber que a estação é outra e que as folhas já estão caindo, parar de pensar como no verão.
Tudo é um processo, até mesmo esse único ato de fé. Por isso o tempo não pára. Sucessões de segundos em vidas inteiras construindo a história, e histórias, e a minha história. As folhas não caem todas de uma vez, os minutos não se atropelam, mas nossos desejos, tantas vezes, nos levam a negociar valores, inegociáveis.
Não posso olhar além da próxima esquina, isso dá medo ou receio do que pode não ser como queria, então me precipito no asfalto, sem entender que o caminho é tão pessoal e me ensina, em cada passo, um por vez.
Cada estação tem seu por que. Não me lambuzo com manga rosa ou sinto cheiro do cupuaçu despencando dos galhos, mas os galhos começam a brotar e tenho goiabas nas mãos.
O problema é quando digo, mesmo só por dizer, que não posso esperar. Pode parecer mais fácil atirar-me às ondas, mas nunca sabemos o que a maré nos trará amanhã.
Parece-me que dependemos de certezas e, assim mesmo, sempre a perdemos ao esquecer o absoluto, o que tem valor, o que deixa hibernar nossos sonhos para surgir as asas com que alcem vôo.

E a razão cochila. Minhas folhas caem no verão! Este impulso de minhas vontades e é somente isto que consigo ver. Não posso esperar. Vou atirar-me às ondas!

Respire fundo, devagar, e continue respirando, normalmente.
Respire fundo, devagar, e continue respirando.
Respire fundo, devagar.
Respire fundo.
Respire.