28.3.06

Nossa A-Brasilidade e o Carnaval

Em bate-papo com Bráulia Ribeiro, lingüista e presidente nacional da agência missionária Jovens Com Uma Missão (Jocum-Brasil), entrevista que será publicada na primeira edição do programa Integração B, conversamos sobre o nosso posicionamento como cristãos brasileiros em relação ao Carnaval.
Na expectativa de que possamos pensar um pouco mais sobre isso, decidi deixar a entrevista à disposição aqui em Nos Ares.


IBO Carnaval é palco para diversas expressões artísticas, a exemplo da música, das escolas de samba em São Paulo e Rio de Janeiro e os trios elétricos de Salvador. O que toda a arte do Carnaval expressa a respeito do povo brasileiro?

Bráulia - O Carnaval é uma das expressões mais importantes da nossa cultura, do que a nossa cultura tem de celebração, de prazer pela vida. O brasileiro é aquele que gosta de viver e qualquer coisa é motivo para uma festa. Então isso é o Carnaval. É aquela festa do país inteiro. Quando nós falamos em redefinir, em repensar a cultura brasileira, em cristianizar a cultura brasileira nós não jogamos fora aquilo que é bom.


IB – Existe certa aversão da igreja em relação ao Carnaval. Quais seriam as desvantagens disso, e como nós poderíamos olhar essa festa com olhos diferentes?

Bráulia – A Igreja em geral não tem aversão à festa, a igreja recria essa mesma festa em outro contexto. Por exemplo, a “Marcha Para Jesus” é uma espécie de Carnaval dos crentes. Onde todo mundo se reúne e celebra. Celebra a Jesus, celebra sua igreja, celebra sua denominação. É festa do mesmo jeito. Mas porque nós temos uma mania de criar uma cultura alternativa, e não interferir com a cultura nacional, e não tentar reconstruir com valores cristãos a cultura nacional, nós reinventamos uma cultura paralela. E uma maneira diferente de pensar, seria tentar contribuir com a cultura, tentar comunicar os valores cristãos para a cultura que já está, ao invés de criar um movimento alternativo, ao invés de se fechar num gueto evangélico.


IB – Porque isso aconteceu? Porque a igreja se fechou nesse “gueto evangélico”?

Bráulia – Eu creio que, em parte, foi para se proteger. Durante muitos anos nós éramos um grupinho pequeno, encolhido. Nós nos protegíamos da cultura nacional com uma idéia errada de santidade. Nós ouvimos que santidade é se separar. Eu acho que devemos buscar redefinir alguns conceitos cristãos. Nós nos separamos sim, mas nos separamos não da cultura envolvente, não do mundo. Jesus falou: “Não vou tirá-los do mundo, mas vou livrá-los do mal”. Mas nós nos separamos do mundo, nos separamos das pessoas do mundo, nos separamos daquilo que é cultura, daquilo que é parte da nossa identidade, ao invés de confrontar aquela identidade com os valores cristãos. Então o conceito de santidade deveria ser: Nós nos separamos para ele. Com isso nós separamos o que é bom da cultura do que é ruim, promovemos o que é bom e deixamos pra lá o que é ruim.


IB – O Carnaval alcançou proporções tais, a ponto de merecer o reconhecimento de maior festa popular do mundo. Você acredita que há esperança para a redenção do Carnaval?

Bráulia – Essa é uma pergunta difícil. Eu não quero dar a impressão de que estou advogando os crentes ficarem pulando carnaval, mas eu também não acho que é se escondendo em Retiros que nós vamos conseguir ter alguma vitória. Nós temos que orar, temos que buscar estratégias, temos que pensar... Quem sabe escolas de samba cristãs mostrando a história do evangelho nas ruas seja uma alternativa. Deus é muito criativo e o povo de Deus é criativo para ter influência.


IB – Quais as desvantagens, em termos de identificação com o povo brasileiro, que nossa ausência no Carnaval produz?

Bráulia - A ausência do povo de Deus de qualquer contexto produz podridão. Nós somos o sal da terra, somos a luz do mundo. Então quando nós não estamos presentes, temos uma sociedade em trevas. Em qualquer contexto social onde o povo de Deus se afasta, só sobra desespero. E é isso o que tem acontecido com o carnaval. Nós temos nos afastado até do diálogo com a cultura nacional em geral, não só com o Carnaval, e isso tem produzido um Brasil cada vez mais corrompido, cada vez mais vazio dos valores verdadeiros, cada vez mais necessitado de referências. Será que nós vamos ser essas referências? Será que nós vamos ser capazes de dar para o Brasil referências morais nessa época de desespero que nós estamos vivendo? Ou nós vamos simplesmente criar o caos. Pelo afastamento dos cristãos cria-se o caos, eu acredito.


IB – Na sua opinião, qual é o sonho de Deus para o Carnaval?

Bráulia – Eu acho que Deus quer ser glorificado através de toda expressão cultural. Toda cultura, todo povo, cria suas manifestações artísticas, musicais, dançantes... E essas manifestações são manifestações de louvor na sua essência, porque tudo o que nós fazemos é na sua essência aquela nossa necessidade de contato com o eterno, porque nós somos seres eternos. Então o Carnaval seria, talvez, a maior celebração de louvor que existe na face da terra se a gente tivesse a capacidade de redimir essa festa, de entrar lá e transformar o contexto completamente. E eu não acho que isso iria tirar a graça do Carnaval, porque a graça do Carnaval não está no crime, não está no sexo pervertido, não está na falta de limites. A graça do Carnaval está na celebração, está na alegria; na liberdade alegre que existe na festa.


IB – O que você diria, como um convite, para que possamos ser integrados nesse processo de redenção cultural?

Bráulia – A nossa identidade cultural é parte de quem nós somos. É muito difícil tirar, por exemplo, da Bráulia, a mineiridade, porque eu sou mineira. É muito difícil tirar do carioca a carioquês dele e ele continuar sendo quem ele é. Nós não podemos rejeitar nossa identidade. Nessa rejeição da identidade nacional nós rejeitamos quem Deus nos fez pra ser. Rejeitando a nossa brasilidade rejeitamos a Deus com a criatividade que ele espalhou aqui nessa Terra Brasil. Então acho que é tempo de nós, cristãos, entendermos quem nós somos em Deus. Não ter vergonha da nossa identidade. Não tentar copiar as identidades cristãs de fora. Eu ouvi uma vez alguém dizendo que brasileiro não sabe adorar, brasileiro só sabe gritar. Gritar é adorar! Dançar é adorar! Celebrar é adorar! São expressões diferentes de adoração. Nós temos uma capacidade extrovertida de adoração que é nossa! Então acho que nós temos que pensar em resgatar a brasilidade; de uma maneira santa, de uma maneira amorosa, de uma maneira justa, de uma maneira de Deus, e nós vamos ser capazes, quando fizermos isso, de dar muitas respostas para essa sociedade desesperada que anda por aí.

24.3.06

Sou alérgico a poeira!

Já faz tanto tempo... Ainda lembro-me da última postagem...

Bem, vamos começar acendendo a luz - clique!

Parece que tenho algum trabalho aqui. Uma boa limpeza em um lugar nesse estado é quase masoquismo para alguém como - Ah, ah... Athim! - eu. Sabia que não seria fá-fá... fácil. Pelo menos os arquivos estão organizados. Agora é só terminar de colocar os links de blogs mais bem cuidados do que este, depois que eu terminar de tirar essas teias de aranha. Tomara que esta animação dure - Athim! - Ai, que asco! Dure até o próximo ano. Vou ao banheiro limpar esse nariz, depois eu volto para deixar o recado de que agora vou responder os comentários na própria janela de comen-men-te-thim! comentários. Ask! Vou trocar de camisa também.