4.4.06

Devaneios da manhã.

Aquela gaivota sobrevoa o breve caos do porto, enquando a madrugada acorda o dia. Ela avista, lá em baixo, na dança da maré, alguma coisa brilhando, refletindo os primeiros raios tímidos do sol, na luta por alcançar a margem. A ave imagina, por efeito daquele raro brilho e também por não estar completamente desperta, que fosse algum peixe exótico que lhe conferiria poderes para respirar em baixo d'água. Ela dá um razante já deliciando o banquete com todos os novos sabores que encontraria além do solo liquido, depois de comer as barbatanas encantadas. Por um reflexo, no exato momento antes de dar uma bicanhada, o que iria resultar em uma baita dor de bico, a alada que sonhava nadar percebe que não trata-se de um peixe, muito menos um peixe mágico. É um objeto de um verde transparente (Nós chamamos de vidro, mas é claro que as gaivotas não sabem disso). Há algo lá dentro, como um rolo de uma folha seca e quadrada, amarrado no meio com um barbante. O objeto está tapado com uma rolha. Grafado no fundo, tem um círculo, que não é exatamente um círculo, como se desenhado por uma criança da pré-escola, e há inscrições ao redor, que aparenta ser alguma caligrafia desconhecida. A gaivota volta frustrada, para sua caça matinal, enquando a garrafa quase pousa na areia...

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